quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Giliard e Juliano

Naquela tarde, Dona Solange, mãe de Juliano, deixou seu filho na casa de sua amiga Jéssica.

A dupla estava construindo uma cidade de blocos no chão do quarto de Giliard. Na porta do quarto, a mãe de Giliard, sorrindo e contemplando os meninos pensou: que coisa mais fofa esses dois e se dão tão bem... Neste momento o celular da Dona Jéssica toca.

̶ Alô mãe. Tudo bem? Ta tudo bem... Ele ta aqui com o Juliano... Acho que eles estão fazendo Recife...

A jovem mãe disse essa última frase rindo e saio falando no celular:

̶  Eu vou lavar roupa agora mãe... Vou colocar o fone de ouvido...  

Juliano falou então:

̶ Do que sua mãe tava rindo?

̶ Ah... Eu acho que tem muito prédio na nossa cidade. Agora ela vai ficar um tempão falando com a vovó, sempre que ela pega o fone de ouvido ela demora no celular.

Juliano observou aquela cidade de blocos com vários prédios e casas ali no chão do quarto e achou as coisas um pouco paradas. Ele voltou os olhos para o amigo e disse:

̶ Agente podia brincar com seu carro robô agora, vamos fazer um monstro de blocos?

Giliard que também queria mais ação disse:

̶  Sim! Depois o carro robô derruba o monstro.

̶  E salva a cidade.

̶ Vamos procurar o carro robô.

Os meninos começaram a procurar o brinquedo, debaixo da cama, debaixo do guarda roupa, debaixo da estante. Giliard se lembrou então onde o carro robô estava: na caixa de brinquedos. Os meninos começaram a retirar brinquedos da caixa, e finalmente embaixo de um tabuleiro estava o carro robô. Giliard pegou o carro robô e tentou ligar, mas não funcionava. Giliard frustrado disse:

̶  Ah! Não funciona esse carro velho.

̶  Deixa eu ver...

Juliano pegou o carro robô e bateu com a mão, mas o brinquedo não funcionou. Giliard pegou de volta o carro robô e disse:

̶  Deixa eu tentar...

Giliard bateu com mais força e a tampa do compartimento das pilhas caiu. Neste momento eles 56ýpercebeu que o brinquedo tinha apenas uma pilha e ele sabia que o carro robô funcionava com duas pilhas.

O carro robô disse então:

̶  Ai! Assim doe! Desse jeito eu não vou funcionar mesmo...

Os meninos responderam com os olhos arregalados então:

̶ Você ta vivo!

̶  Sim, claro, estou, mas não vou conseguir me transformar em robô sem essa pilha que esta faltando.

Giliard perguntou aflito – onde está sua pilha carro robô?

O carro robô respondeu e enquanto falava suas luzinhas piscavam,  ̶   eu não sei... só me lembro de alguém me pegando, tirando a pilha e me jogando na caixa de brinquedos... Foi muito rápido... Preciso de mais uma pilha... Com minhas pilhas no lugar eu derrubo qualquer monstro de blocos.

Os meninos ficaram bastante agitados, mas decididos a ajudar o carro robô.

̶ Vou perguntar pra minha mãe, vamos Juliano.

̶ Deixa o carro ai na sua cama e vamos, respondeu Juliano.

Giliard colocou o carro robô sobre cama e este então ele falou:  ̶  boa sorte meninos!  Ai... Eu estou fraco...

Eles atravessaram toda a casa até a lavanderia que ficava no quintal de trás da residência. Lá estava Dona Jéssica, colocando uma cueca pra secar no varal enquanto tagarelava com a sua mãe por meio do fone de ouvido do celular.

Os meninos apareceram bruscamente no quintal. Giliard em voz alta perguntou:

̶  Mãe! Onde está a pilha?

Dona Jéssica não entendeu o que o menino queria e disse para sua mãe – espera um pouco mãe o Giliard está querendo alguma coisa... Tudo bem amor? Vocês estão com fome?

̶  Cadê a pilha mãe?

̶  Que pilha menino? A pilha de roupa suja? Eu tô acabando...

̶  É do carro robô tia Jéssica. ̶  disse Juliano ajudando o amigo.

Dona Jéssica franziu a testa e respondeu:

̶  Hum... Eu acho que sei o que ta acontecendo. O seu pai estava mexendo na sua caixa de brinquedos ontem... Acho que ele pode responder isso pra vocês... Mas, olha aqui! O seu pai vai chegar daqui a pouco, ai você fala com ele... Vão lá brincar que depois eu chamo vocês para um lanche.

Decepcionado, Giliard respondeu – Ta bom mãe... Vem Juliano...

De volta ao interior da casa, Juliano disse – e se agente procurasse outra pilha aqui na sua casa?

Giliard que já estava pensando na mesma coisa, respondeu:

̶ Sim! Boa... Vem comigo, vamos pra a garagem...

Da lavanderia, eles seguiram para garagem. Chegando na garagem, eles foram até uma estante de plástico onde na segunda prateleira ao lado de uma caixa de ferramentas,  estava uma lanterna. Giliard começou a abrir o compartimento das pilhas da lanterna. Quando uma voz doce e suave começou a falar:

̶ Menino! Para! 

̶  Lanterna! Disseram os meninos.

̶  Sim sou eu, a Lanterna... Ninguém Liga pra mim nessa casa... Sou quase inútil, só se lembram de mim quando acaba a energia. E agora você quer me tirar a luz! Eu imploro, por favor, sem pilhas é provável que eu vá parar em um lixão. Quando acaba a energia o seu pai vem aqui me pegar, iluminando a garagem com lanterna do smartfone. Eu estou servindo apenas pra economizar a bateria de dispositivos mais tecnológicos. E sem pilhas o que será de mim?...

̶ E agora Juliano?

̶  Ah! Deixa ela ai, coitadinha.

Os meninos ficaram comovidos com o desabafo da lanterna e Giliard resolveu colocar a lanterna de volta em seu canto e com todas as suas peças em seu devido lugar.

̶ Tudo bem lanterna  ̶  disse Giliard – Pode ficar ai no seu cantinho sem problemas...

̶  Obrigado garoto! Se precisar de uma luz pode contar comigo!

̶  Tchau lanterna!  ̶  Tchau lanterna! Os meninos se despediram.

̶  Vamos lá pra sala!  ̶  disse Giliard ainda na garagem.

Os meninos chegaram na sala e o objetivo era achar o controle remoto! Logo Giliard o avistou no Rack. Ele o pegou, abriu a tampa das pilhas. Estava tentado retirar uma das pilhas com os dedos, quando o controle falou muito zangado:

̶   Que chamego é esse no meu traseiro! Pode parar! Você quer roubar minhas pilhas?

A TV observava a cena do seu lugar no rack e rindo disse:

̶  Eu preciso desse rabugento para funcionar.

O controle bastante irritado falou – não basta todo mundo me apertar, agora querem me destruir...

̶  Meninos – disse a TV  ̶  não façam isso eu não tenho nenhum botão e sem esse meu amigo ai,  eu realmente não funciono e nada de desenhos!

̶ Tudo bem! Disse Giliard... Pode ficar com as suas pilhas...

̶  Ah que bom! Obrigado viu! Disse o controle remoto irônico.

̶ Vamos Juliano, vamos procurar outra coisa.

Juliano avistou na parede em que estava encostado o sofá da sala um relógio.

̶ Pera ai e aquele relógio ali? Perguntou Juliano.

̶  É verdade! Espera deixa eu tentar...

Giliard subiu no sofá, depois na parte mais alta do móvel esticou o braço com cuidado e conseguiu pegar o relógio.

̶  Segura ai Juliano – disse Giliard entregando o relógio de parede para Juliano.

O relógio estava parado, observou Juliano.

̶  Não esta fazendo tic tac...

Os dois meninos estavam no tapete da sala tentavam escutar o tic tac do relógio, mas nada.

̶ Você ta quebrado relógio?  ̶   perguntou Juliano.

̶ Não garoto  ̶  respondeu o relógio com uma voz rouca – é só minha pilha que já era. Não tem mais energia. Agora eu fico ai na parede mostrando essa minha cara nesse eterno meio dia e vinte. Bom, quando vocês tiverem uma pilha sobrando, por favor, retirem essa velha e coloquem uma nova. Essa minha velha máquina precisa trabalhar um pouco. Agora por gentileza, me coloquem lá em cima de novo.

̶  Tudo bem relógio - disse Giliard.

Giliard subiu de novo na parte alta do sofá se apoiando na parede enquanto Juliano entregava para ele o relógio e este foi devidamente colocado em seu lugar.

- E agora? – disse Juliano – Como o carro robô vai funcionar?

Antes de Giliard responde alguma coisa para Juliano, aconteceu um barulho no portal da frente da casa.

- Será que é meu pai – disse Giliard.

Mas uma voz feminina falou:

- Jéssica cheguei!

Dona Solange, mãe de Juliano, chegou naquele instante. A Dona Jéssica logo apareceu para receber a amiga.

- Chegou cedo, deu tudo certo? Perguntou a Dona Jéssica.

- Sim tranquilo... Passei na padaria e trouxe umas coisinhas pra gente.

- Ai Sol! Que ótimo acabei de passar um café. Vamos meninos é hora do lanche.

Então as amigas e os amigos foram para a mesa e tomaram o café da tarde.

Alguns minutos depois a Dona Solange se despediu, agradeceu a amiga e já na calçada da frente de mãos dadas com Juliano disse:

- Amanhã vai ser minha vez de ficar com esses gostosos.

- Sim... Amanhã a mamãe tem uma consulta – Respondeu Dona Jéssica olhando para o filho.

Os meninos se despediram apenas olhando um paro o outro e dando tchau com a mão.

Quando Giliard e a mãe entraram na casa, Dona Jéssica disse:

- Olha meu filho o seu pai me ligou e disse que hoje vai demorar, ele vai ter uma reunião de emergência bem na hora de ir embora.

- Eu vou esperar. Eu quero a minha pilha.

 Mas depois de duas horas após o jantar, Giliard estava com muito sono.

- Filho vai dormir, quando seu pai chegar eu falo para ele ir no seu quarto, falar com você, tudo bem?

- Tá bom mãe  ̶  respondeu Giliard e deu um longo e alto bocejo em seguida.

Então a mãe de Giliard cariosamente colocou o seu filho para dormir.

- Boa noite mãe!

- Boa noite filho!  ̶  disse Dona Jéssica apagando a luz e fechando a porta do quarto de Giliard.

Alguns minutos se passaram e o Sr. Henrique, o pai de Giliard, chegou. Ele foi ao quarto do filho como a Dona Jéssica havia prometido.

O pai de Giliard abriu a porta do quarto, mas não acendeu a luz e abaixado perto do filho que estava deitado e usando apenas a claridade de fora do quarto disse:

̶  Oi filho! Tudo bem? Eu comprei uma coisa pra você.

Ele mostrou uma embalagem com duas pilhas, retirou uma e perguntou:

̶  Onde está o seu carro robô?

̶  Aqui embaixo do meu travesseiro  ̶  Giliard  respondeu e sentou na cama com o carro robô na mão.

̶ Bom, eu tirei e vou colocar de volta... Me desculpe, eu precisava da pilha pra colocar no controle do portão automático...

̶  Tá bom pai...

O Sr. Henrique pegou o carro robô e instalou a pilha no lugar vago. O quarto estava claro o suficiente para que o Sr. Henrique visse a cidade de blocos que ainda estava montada. O Sr. Henrique sentou no chão e falou:

̶  Liga filho, liga ai o carro robô. Vamos brincar um pouco, mas só um pouco. Que cidade legal vocês fizeram...

Feliz, o menino foi ficar sentado ao lado do pai e ligou o carro robô. Uma vez ligado e com duas pilhas, a parte da frente virou a cabeça, os faróis os olhos, as portas os braços, a parte de trás e as rodas traseiras, as pernas e os pés, todo o conjunto agora não era mais carro, era robô. O carro robô se movia com as rodas que eram os seus pés.

̶  Eu sou o Robô Destruidor! Atacar! Disse o carro robô.

̶  Que brinquedo legal...  ̶   disse o Sr. Henrique  – faz ele derrubar a cidade de blocos!

̶  Demais pai!  ̶  disse o menino muito alegre.

Então o Robô Destruidor, derrubou todos os prédios e casas da cidade de blocos divertindo pai e filho. Alguns minutos depois o Sr. Henrique colocou o filho de volta na cama e disse:

̶  Amanhã você arruma tudo, beleza?

̶  Arrumo... pode deixar...

̶  Boa noite! Durma bem.

̶  Boa noite pai...

O pai de Giliard já estava terminando de fechar a porta do quarto e o menino falou deitado na cama:

̶  Pai!

̶  Oi filho!

̶  Eu posso levar o meu carro robô pra casa do Juliano amanhã?

̶  Claro filho, pode sim.

̶  Obrigado Pai!

̶   Tchau filho...

O pai de Giliard fechou a porta. Antes de adormecer, Giliard escutou os seus pais conversando:

̶  Eu comprei uma pilha pro relógio da sala também...

̶  Ai por favor amor! Não faz isso, esse relógio faz um tic e tac insuportável!

̶  É mesmo, eu tinha esquecido disso. Quem deu isso pra gente? Eu não

 lembro...

Giliard e Juliano

Naquela tarde, Dona Solange, mãe de Juliano, deixou seu filho na casa de sua amiga Jéssica. A dupla estava construindo uma cidade de bloco...