Naquela tarde, Dona Solange, mãe de Juliano, deixou seu filho na casa de sua amiga Jéssica.
A
dupla estava construindo uma cidade de blocos no chão do quarto de Giliard. Na
porta do quarto, a mãe de Giliard, sorrindo e contemplando os meninos pensou: que coisa mais fofa esses dois e se dão tão
bem... Neste momento o celular da Dona Jéssica toca.
̶
Alô mãe. Tudo bem? Ta tudo bem... Ele ta aqui com o Juliano... Acho que eles estão fazendo Recife...
A
jovem mãe disse essa última frase rindo e saio falando no celular:
̶
Eu vou lavar roupa agora mãe... Vou
colocar o fone de ouvido...
Juliano
falou então:
̶
Do que sua mãe tava rindo?
̶
Ah... Eu acho que tem muito prédio na nossa cidade. Agora ela vai ficar um
tempão falando com a vovó, sempre que ela pega o fone de ouvido ela demora no
celular.
Juliano
observou aquela cidade de blocos com vários prédios e casas ali no chão do
quarto e achou as coisas um pouco paradas. Ele voltou os olhos
para o amigo e disse:
̶
Agente podia brincar com seu carro robô agora, vamos fazer um monstro de
blocos?
Giliard
que também queria mais ação disse:
̶ Sim! Depois o carro robô derruba o monstro.
̶
E salva a cidade.
̶
Vamos procurar o carro robô.
Os
meninos começaram a procurar o brinquedo, debaixo da cama, debaixo do guarda
roupa, debaixo da estante. Giliard se lembrou então onde o carro robô estava:
na caixa de brinquedos. Os meninos começaram a retirar brinquedos da caixa, e
finalmente embaixo de um tabuleiro estava o carro robô. Giliard pegou o carro
robô e tentou ligar, mas não funcionava. Giliard frustrado disse:
̶ Ah! Não
funciona esse carro velho.
̶
Deixa
eu ver...
Juliano
pegou o carro robô e bateu com a mão, mas o brinquedo não funcionou. Giliard
pegou de volta o carro robô e disse:
̶
Deixa
eu tentar...
Giliard
bateu com mais força e a tampa do compartimento das pilhas caiu. Neste momento
eles 56ýpercebeu que o brinquedo tinha apenas uma pilha e ele sabia que o carro
robô funcionava com duas pilhas.
O
carro robô disse então:
̶ Ai! Assim doe! Desse jeito eu não vou
funcionar mesmo...
Os
meninos responderam com os olhos arregalados então:
̶
Você ta vivo!
̶ Sim, claro, estou, mas não vou conseguir me
transformar em robô sem essa pilha que esta faltando.
Giliard
perguntou aflito – onde está sua pilha carro robô?
O
carro robô respondeu e enquanto falava suas luzinhas piscavam, ̶ eu não sei... só me lembro de alguém me
pegando, tirando a pilha e me jogando na caixa de brinquedos... Foi muito
rápido... Preciso de mais uma pilha... Com minhas pilhas no lugar eu derrubo
qualquer monstro de blocos.
Os
meninos ficaram bastante agitados, mas decididos a ajudar o carro robô.
̶
Vou perguntar pra minha mãe, vamos Juliano.
̶
Deixa o carro ai na sua cama e vamos, respondeu Juliano.
Giliard
colocou o carro robô sobre cama e este então ele falou: ̶ boa
sorte meninos! Ai... Eu estou fraco...
Eles
atravessaram toda a casa até a lavanderia que ficava no quintal de trás da
residência. Lá estava Dona Jéssica, colocando uma cueca pra secar no varal
enquanto tagarelava com a sua mãe por meio do fone de ouvido do celular.
Os
meninos apareceram bruscamente no quintal. Giliard em voz alta perguntou:
̶ Mãe! Onde está a pilha?
Dona
Jéssica não entendeu o que o menino queria e disse para sua mãe – espera um
pouco mãe o Giliard está querendo alguma coisa... Tudo bem amor? Vocês estão
com fome?
̶
Cadê a pilha mãe?
̶ Que pilha menino? A pilha de roupa suja? Eu tô
acabando...
̶
É do carro robô tia Jéssica. ̶ disse Juliano
ajudando o amigo.
Dona
Jéssica franziu a testa e respondeu:
̶
Hum... Eu acho que sei o que ta
acontecendo. O seu pai estava mexendo na sua caixa de brinquedos ontem... Acho
que ele pode responder isso pra vocês... Mas, olha aqui! O seu pai vai chegar
daqui a pouco, ai você fala com ele... Vão lá brincar que depois eu chamo vocês
para um lanche.
Decepcionado,
Giliard respondeu – Ta bom mãe... Vem Juliano...
De
volta ao interior da casa, Juliano disse – e se agente procurasse outra pilha
aqui na sua casa?
Giliard
que já estava pensando na mesma coisa, respondeu:
̶
Sim! Boa... Vem comigo, vamos pra a garagem...
Da
lavanderia, eles seguiram para garagem. Chegando na garagem, eles foram até uma
estante de plástico onde na segunda prateleira ao lado de uma caixa de ferramentas,
estava uma lanterna. Giliard começou a
abrir o compartimento das pilhas da lanterna. Quando uma voz doce e suave
começou a falar:
̶
Menino! Para!
̶ Lanterna! Disseram os meninos.
̶
Sim sou eu, a Lanterna... Ninguém Liga
pra mim nessa casa... Sou quase inútil, só se lembram de mim quando acaba a
energia. E agora você quer me tirar a luz! Eu imploro, por favor, sem pilhas é
provável que eu vá parar em um lixão. Quando acaba a energia o seu pai vem aqui
me pegar, iluminando a garagem com lanterna do smartfone. Eu estou servindo apenas pra economizar a bateria de
dispositivos mais tecnológicos. E sem pilhas o que será de mim?...
̶
E agora Juliano?
̶ Ah! Deixa ela ai, coitadinha.
Os
meninos ficaram comovidos com o desabafo da
lanterna e Giliard resolveu colocar a lanterna de volta em seu canto e com
todas as suas peças em seu devido lugar.
̶
Tudo bem lanterna ̶ disse Giliard – Pode ficar ai no seu cantinho
sem problemas...
̶ Obrigado garoto! Se precisar de uma luz pode
contar comigo!
̶ Tchau lanterna! ̶ Tchau
lanterna! Os meninos se despediram.
̶ Vamos lá pra sala! ̶ disse
Giliard ainda na garagem.
Os
meninos chegaram na sala e o objetivo
era achar o controle remoto! Logo Giliard o avistou no Rack. Ele o pegou, abriu
a tampa das pilhas. Estava tentado retirar uma das pilhas com os dedos, quando
o controle falou muito zangado:
̶
Que
chamego é esse no meu traseiro! Pode parar! Você quer roubar minhas pilhas?
A
TV observava a cena do seu lugar no rack e rindo disse:
̶
Eu preciso desse rabugento para funcionar.
O
controle bastante irritado falou – não basta todo mundo me apertar, agora
querem me destruir...
̶
Meninos – disse a TV ̶ não
façam isso eu não tenho nenhum botão e sem esse meu amigo ai, eu realmente não funciono e nada de desenhos!
̶
Tudo bem! Disse Giliard... Pode ficar com as suas pilhas...
̶ Ah que bom! Obrigado viu! Disse o controle
remoto irônico.
̶
Vamos Juliano, vamos procurar outra coisa.
Juliano
avistou na parede em que estava encostado o sofá da sala um relógio.
̶
Pera ai e aquele relógio ali?
Perguntou Juliano.
̶
É verdade! Espera deixa eu tentar...
Giliard
subiu no sofá, depois na parte mais alta do móvel esticou o braço com cuidado e
conseguiu pegar o relógio.
̶
Segura ai Juliano – disse Giliard
entregando o relógio de parede para Juliano.
O
relógio estava parado, observou Juliano.
̶
Não esta fazendo tic tac...
Os
dois meninos estavam no tapete da sala tentavam escutar o tic tac do relógio,
mas nada.
̶
Você ta quebrado relógio? ̶ perguntou Juliano.
̶
Não garoto ̶ respondeu o relógio com uma voz rouca – é só
minha pilha que já era. Não tem mais energia. Agora eu fico ai na parede
mostrando essa minha cara nesse eterno meio dia e vinte. Bom, quando vocês
tiverem uma pilha sobrando, por favor, retirem essa velha e coloquem uma nova.
Essa minha velha máquina precisa trabalhar um pouco. Agora por gentileza, me
coloquem lá em cima de novo.
̶
Tudo bem relógio - disse Giliard.
Giliard
subiu de novo na parte alta do sofá se apoiando na parede enquanto Juliano
entregava para ele o relógio e este foi devidamente colocado em seu lugar.
-
E agora? – disse Juliano – Como o carro robô vai funcionar?
Antes
de Giliard responde alguma coisa para Juliano, aconteceu um barulho no portal
da frente da casa.
-
Será que é meu pai – disse Giliard.
Mas
uma voz feminina falou:
-
Jéssica cheguei!
Dona
Solange, mãe de Juliano, chegou naquele instante. A Dona Jéssica logo apareceu
para receber a amiga.
-
Chegou cedo, deu tudo certo? Perguntou a Dona Jéssica.
-
Sim tranquilo... Passei na padaria e trouxe umas coisinhas pra gente.
-
Ai Sol! Que ótimo acabei de passar um café. Vamos meninos é hora do lanche.
Então
as amigas e os amigos foram para a mesa e tomaram o café da tarde.
Alguns
minutos depois a Dona Solange se despediu, agradeceu a amiga e já na calçada da
frente de mãos dadas com Juliano disse:
-
Amanhã vai ser minha vez de ficar com esses gostosos.
-
Sim... Amanhã a mamãe tem uma consulta – Respondeu Dona Jéssica olhando para o
filho.
Os
meninos se despediram apenas olhando um paro o outro e dando tchau com a mão.
Quando
Giliard e a mãe entraram na casa, Dona Jéssica disse:
-
Olha meu filho o seu pai me ligou e disse que hoje vai demorar, ele vai ter uma
reunião de emergência bem na hora de ir embora.
-
Eu vou esperar. Eu quero a minha pilha.
Mas depois de duas horas após o jantar,
Giliard estava com muito sono.
-
Filho vai dormir, quando seu pai chegar eu falo para ele ir no seu quarto,
falar com você, tudo bem?
-
Tá bom mãe ̶ respondeu Giliard e deu um longo e alto
bocejo em seguida.
Então
a mãe de Giliard cariosamente colocou o seu filho para dormir.
-
Boa noite mãe!
-
Boa noite filho! ̶ disse Dona Jéssica apagando a luz e fechando
a porta do quarto de Giliard.
Alguns
minutos se passaram e o Sr. Henrique, o pai de Giliard, chegou. Ele foi ao
quarto do filho como a Dona Jéssica havia prometido.
O
pai de Giliard abriu a porta do quarto, mas não acendeu a luz e abaixado perto
do filho que estava deitado e usando apenas a claridade de fora do quarto
disse:
̶ Oi filho! Tudo bem? Eu comprei uma coisa pra
você.
Ele
mostrou uma embalagem com duas pilhas, retirou uma e perguntou:
̶ Onde está o seu carro robô?
̶ Aqui embaixo do meu travesseiro ̶ Giliard respondeu e sentou na cama com o carro robô
na mão.
̶
Bom, eu tirei e vou colocar de volta... Me desculpe, eu precisava da pilha pra
colocar no controle do portão automático...
̶ Tá bom pai...
O
Sr. Henrique pegou o carro robô e instalou a pilha no lugar vago. O quarto
estava claro o suficiente para que o Sr. Henrique visse a cidade de blocos que
ainda estava montada. O Sr. Henrique sentou no chão e falou:
̶ Liga filho, liga ai o carro robô. Vamos
brincar um pouco, mas só um pouco. Que cidade legal vocês fizeram...
Feliz,
o menino foi ficar sentado ao lado do pai e ligou o carro robô. Uma vez ligado
e com duas pilhas, a parte da frente virou a cabeça, os faróis os olhos, as
portas os braços, a parte de trás e as rodas traseiras, as pernas e os pés,
todo o conjunto agora não era mais carro, era robô. O carro robô se movia com as rodas que eram os seus pés.
̶ Eu sou o Robô Destruidor! Atacar! Disse o carro robô.
̶
Que brinquedo legal... ̶ disse o Sr. Henrique – faz ele derrubar a cidade de blocos!
̶ Demais pai!
̶ disse o menino muito alegre.
Então
o Robô Destruidor, derrubou todos os prédios e casas da cidade de blocos
divertindo pai e filho. Alguns minutos depois o Sr. Henrique colocou o filho de
volta na cama e disse:
̶ Amanhã você arruma tudo, beleza?
̶ Arrumo... pode deixar...
̶ Boa noite! Durma bem.
̶ Boa noite pai...
O
pai de Giliard já estava terminando de fechar a porta do quarto e o menino
falou deitado na cama:
̶ Pai!
̶ Oi filho!
̶ Eu posso levar o meu carro robô pra casa do
Juliano amanhã?
̶ Claro filho, pode sim.
̶ Obrigado Pai!
̶ Tchau filho...
O
pai de Giliard fechou a porta. Antes de adormecer, Giliard escutou os seus pais
conversando:
̶ Eu comprei uma pilha pro relógio da sala
também...
̶ Ai por favor amor! Não faz isso, esse relógio
faz um tic e tac insuportável!
̶ É mesmo, eu tinha esquecido disso. Quem deu isso
pra gente? Eu não
lembro...